sexta-feira, 25 de setembro de 2015

ATIVIDADES DE INTERPRETAÇÃO -(EF67LP28 X) Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos e estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes - 6° ANO

TEXTO - CAUSO

O contador de causo

Se depender de Seu Ico, saci existe, ara

  Era um matuto dos bons e vivia num rancho do Rio Pardo, perto de Cajuru. Seu Ico era o apelido dele. Acreditava em tudo que via e ouvia. E tinha opiniões muito firmes sobre coisas misteriosas. Adorava contar casos de assombração e outros bichos:
  - Fui numa caçada de veado no primeiro dia da quaresma! Ai ! ai! Ai! Num pode caçá na quaresma, mas eu num sabia. Aí apareceu a assombração! Arma penada do outro mundo. E os cachorro disparo. Foro tudo pro corgo pra modi fugi da bicha... Veado que é bão nem nu pensamento, pruque eis tamem pressintiru a penúria passanu ali tertu!
  - Mas era assombração mês Esse mundo é surtido!
  - Pois no mundo sortido do seu Ico também tinha saci!
  - Quando é o que o senhor viu saci, seu Ico?
  - Ara! Vi a famia toda, num foi um saci só... Tinha o saci, a sacia gravi, e os sacizim em riba da mãe, tudo,pulano numa perna
  - E o que eles fizeram ou disseram pro senhor?
  - Nada... O Saci cachaço inda ofereceu brasa pro meu paero. Gardicido! Eu disse... e entrei pra dentro modi num vê mais as tranquera...
  - E mula-sem-cabeça? Ah, seu Ico garante que existe:
  - Essa eu nu nca vi, mas ouvi o rinchando dela umas par de veis... E otro que eu tamem vi foi o tar de lobisome! Ê bicho fei! Mais num feis nada...desvirô num cachorro preto e sumiu presse mundão de meu Deus. Agora, em um dia de prescaria, aparece muito é caboclo d'água. Um caboquim pretim e jeitado que mora dentro do rio...Ah, e tem que vê tamém o caapora. Bichu fei! E o curupira! Vichi Maria, é fei dimais, tem pé virado pa trais...
  - E com tudo isso o senhor ainda se arrisca a ir pro meio do mato, seu Ico?
  - Pois vô sem medo! Qué sabe? – Dá uma gargalhada rouca e faz um ar maroto. – Qual! Tenho muito, mais muito mais medo é de gente vivo!
                                                                                                                                                                                                                                                   Globo.com/caipira/

Trabalhando o texto

1) Qual a intenção do narrador ao fazer as perguntas abaixo?

-  Mas era assombração mesmo seu Ico?

- Quando é o que o senhor viu saci, seu Ico?

- E o que eles fizeram ou disseram pro senhor?

2) Além de mostrar ao leitor os causos de seu Ico, o narrador retrata- o como  uma personagem bem interiorana. Para isso foram usadas algumas expressões ou frases que identificam seu Ico como tal. Identifique- as.

3) Quais são os seres sobrenaturais criados por seu Ico?

4) Em um trecho do texto seu Ico faz referência a uma crendice popular que relaciona a um fato religioso. Qual é ela?

5) Explique o que seu Ico quis dizer com as seguintes falas a seguir.

a) Foro tudo pro corgo pra modi fugi da bicha...
b)... e os sacizim em riba da mãe, tudo pulano numa perna...
c) Gardicido! Eu disse...
d) “... Esse mundo é surtido!...

6) O falar caipira pode ser considerado errado? Por que?

7) No último parágrafo do texto o narrador descreve a expressão de seu Ico. Identifique-a.


GABARITO

1) Ele faz perguntas a seu Ico para direcionar a conversa, estimular o contador a falar sobre diferentes assuntos ou aprofundar a descrição do que ele está contando.

2) Um matuto dos bons; vivia num rancho; acreditava em tudo que via e ouvia; tinha opiniões muito firmes sobre coisas misteriosas; adorava contar casos de assombração e outros bichos.

3) Assombração ( alma penada) família de sacis, mula-sem-cabeça, caboclo d”água, caapora e curupira.

4) Às atividades que não podem ser realizadas durante a quaresma, como exemplo, caçar.

5) a) Foram todos para o córrego para fugir da assombração.
b) ... e os pequenos sacis em cima da mãe, todos pulando numa perna só.
c) Obrigado, eu disse...
d) Esse mundo é sortido, variado, tem coisas de todo tipo.

6) Não. ( explicar para o aluno sobre a variação linguística para que ele compreenda que o falar caipira é apenas uma variante da língua e não um erro.

7) “Dá uma gargalhada rouca e faz um ar maroto.”


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